sexta-feira, 5 de agosto de 2011

pão com manteiga de alho - le préfou


le préfou - originalmente pré four, ou seja, pré forno - é uma das melhores delícias da culinária francesa, mais especificamente, da culinária francesa da região de vendée, no oeste da frança,no meu caso, mais especificamente, de maillé - comunidade francesa na região administrativa da pays de la loire, no departamento de vendée. maillé possue pouco mais de 700 habitantes distribuídos por uma área de 17,66 km², e cuja densidade é de 43 hab/km². foi alí, naquele cenário de filme francês, que fiquei hospedada, em casa de amigos, e conheci le préfou. simples e incrivelmente delicioso, o préfou é uma baguette - indescritível e excepcional, o pão produzido naquela região da frança - assada, fartamente lambuzada com manteiga e alho, pra acompanha qualquer coisa, ou não acompanhar nada. comer o préfou, assim, simplesmente, tomando vinho ou pastis ricard, ... é o mesmo que matar a vontade de comer aquela coisa que não se sabe o que é, sensação que todos nós, num dia ou dois das nossas vidas gulosas, já experimentamos. pois então, o préfou presta-se a satisfazê-la completamente. pode testar. a receita está aqui. préfou - pão aromatizado com manteiga de alho ingredientes: 150 g de manteiga salgada mole 3 dentes de alho amassados ​​2 colheres de sopa alecrim pimenta do reino 1 baguette longa ou 2 baguettes curtas preparando: o ideal será fazer a massa do pão, dar-lhe a forma de baguette, achatá-lo, conforme a próxima imagem, e levar ao forno. portanto, caso você queira fazer o pão em casa, siga a receita. ingredientes: 500g de farinha 20g de fermento fresco 400ml de água preparando o pão: peneire a farinha, em um recipiente grande. adicione o sal. dissolva o fermento num pouco de água amornada. faça um buraco na farinha, adicione a água contendo o fermento e amasse com as mãos. vá adicionando água, e utilize, pouco mais ou pouco menos dos 400ml indicados na receita.
amasse bem, faça uma bola com a massa, cubra com um pano úmido, deixe crescer por 1 hora. depois de uma hora alisar a massa e moldá-la em uma forma alongada como uma baguette, achate-a, pois ela deve ficar bastante plana. deixe no forno por aproximadamente 20, retirando pra cortá-la ao meio e passar a manteiga. agora, siga as próximas instruções.

a etapa seguinte, espalhar a manteiga temperada sobre ele, deve ser realizada antes que sua crosta adquira coloração dourada. cumprindo esta regra, retire do forno, corte ao meio no sentido do comprimento, passe uma farta camada da manteiga temperada, em toda a extensão de cada uma das metades do pão, una as duas partes, envolva-as com papel alumínio, para que a manteiga penetre, e leve ao forno até que a manteiga derreta, uns 10 minutos ... gosto de dizer: cada um sabe do seu forno.
retire do forno, desembrulhe e volte com o pão pra dentro dele, para que o pão complete sua tarefa, ou seja, fique dourado e crocante. não esqueça!!! o segredo é achatar a gostosura. achatar é a regra: se você fez o pão em casa, e na primeira cozedura, o pão crescer, retire-o, achate-o novamente, e retorne com ele ao forno para que asse sem deixar que crie a crosta dourada. caso não seja possível fazer o pão em casa, compre a baguette mais clara que encontrar. atenção!!! a baguette, se for comprada pronta, deve estar clarinha. trate na padaria, que lhe forneçam baguette pré-cozida. caso não seja possível, escolha a mais clara que encontrar. preaqueça o forno a 210º, e prepare a manteiga. coloque numa travessa: a manteiga, o alho, o alecrim, a pimenta, e mexa até que os ingredientes fiquem agregados. espalhe uma farta porção da manteiga aromatizada ao longo das duas metades do pão, envolva-o com papel alumínio, para que a manteiga penetre, e leve ao forno até que a manteiga derreta. retire do forno, desembrulhe e volte com ele ao forno por alguns minutos ou até que o pão fique crocante e dourado. em qualquer uma das formas de preparo do préfou, seja fazendo o pão em casa, seja comprando a baguette na padaria, depois de assada, a baguette em sua última fase de forno, corte-a em fatias.
a história: o préfou, prova-se efetivamente quente, à l'apéritif ou acompanhando qualquer carne. seja numa festa grandiosa, num convescote íntimo e particular, ou num passar de noite jogando conversa fora, ... le préfou é uma compulsão saudável e cheia de brilho. o préfou é uma antiga receita dos padeiros de la vendée. para testar a temperatura ideal do seu forno - daí o termo pré four, ou seja, pré forno, que derivou pra corruptela, préfou - na falta de termômetro, os padeiros utilizavam um pedaço de massa de pão, sobre uma telha aquecida, à boca do forno, antes de cozer o pão. para não perder/despediçar o pedaço de massa, lambuzavam-no com um naco de manteiga, e um bom tanto de alho grosseiramente amassado. a real tradução do jargão: unir o útil ao agradável. le préfou vendéen é conhecido como um verdadeiro sucesso. aquecido por alguns minutos para obter uma crosta estaladiça, a iguaria é uma tradição na região do vendée. em maille não fiquei, um dia sequer, sem me fartar dessa maravilha. todas as famílias da pequena cidade, na casa de seus familiares, até dos que sairam para morar longe dali, não se dispensa a comilança de le préfou.
esse pão é puro êxtase.

abracadabra et, voilà!!!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

mousse de queijos



mousse é uma deliciosa palavra francesa que traduz outra tão macia e aerada quanto ela ... espuma.

preparar uma mousse, criar uma espuma, significa antecipar o prazer de saboreá-la.
costuma ser uma tarefa culinária envolvente, que instiga o paladar e aflora a inventividade, já que sua criação é dada à versatilidade de ingredientes: maracujá, morango, limão, queijo, aipo, chocolate, paçoca, goiaba, peito de perú, tomate, ... e por aí vamos nós.
sou uma usina de possibilidades na cozinha. criar mousses é bom, fácil, desafiador e compensador.

sua textura de nuvem, fofa e firme, adapta-se a doces ou salgados, e nos remete a frescor e leveza.
a magia não tem limites. preparar uma mousse é o mesmo que criar uma obra de arte elegante e colorida, possível de ser ornada com folhas, flores, frutas.

ingredientes:

200g de queijo branco
200g de gorgonzola
50g de queijo parmesão ralado
2 xícaras - chá - de creme de leite fresco
1/2 xícara - chá - de leite
1 envelope de gelatina incolor e sem sabor preparada conforme as instruções contidas na embalagem
1 farta colher - sopa - do meu tempero [aqui]

preparando:

hidrate a gelatina.

nota: a quantidade de gelatina que está sendo utilizada é indicada para dar à mousse, consistência de mousse. sendo assim, o resultado poderá servir como patê. caso queira uma consistência para corte, dobre a quantidade de gelatina.

separe uma travessa de vidro ou de louça, bem bonita, unte com óleo, retirando o excesso com papel toalha.
feito isso, bata no liquidificador: o leite, o creme de leite, o queijo branco e o queijo gorgonzola. junte o queijo parmesão, bata, e experimente. se necessário acerte o sal.
acrescente o meu tempero e bata mais, para misturar tudo.
por fim, adicione a gelatina. nesse ponto, altere a velocidade do liquidificador, bata em velocidade mais fraca para que agregue com cuidado, ou utilize uma colher.
coloque a mistura na travessa untada com óleo, e leve pra geladeira, onde ficará por quantas horas - 2 ou 3 - forem necessárias para que fique consistente.

criatividade é o que não pode faltar. portanto, preparar uma massa de torta, [aqui] assar, deixar esfriar, e aconchegar a mousse dentro dela, levando à geladeira em seguida, ao servir, provocará muitos elogios. preferindo assim, para que fique apropriado para o corte, poderá ou não dobrar a quantidade de gelatina. depende do seu gosto.
vá por mim!!!

enfeite se/como preferir: com tomates, com nozes, com frutas secas, com queijo gorgonzola esfarelado, com ervas, com azeitonas, rolinhos de presunto de peru, etc

acompanha torradas e damascos secos, alguma bolacha tentadora e tomates secos, pão fresquinho, pão de forma, pão italiano, salada de legumes, salada verde, geléias, compotas, frutas frescas, ... mas o vinho não pode faltar.

domingo, 31 de julho de 2011

bolo de carne de frango, moída, e batata ralada




tomate, a fruta.
pertencente à vasta família das solanáceas/solanaceae que tem, entre seus 2000 membros, certos arbustos de índole duvidosa, cozinheiros da europa, por precaução, mantiveram-no no anonimato por muito tempo.
assim como a beladona e a datura, plantas extremamente venenosas, a batata, o tabaco, a jurubeba, a berinjela, são alguns vegetais da mesma família botânica do tomate.
as solanáceas crescem abundantemente nas regiões quentes, e o tomate, antes de se revelar uma frutinha em quem se pode confiar, era cultivado como planta ornamental.
mal acostumados, os europeus não sabiam como preparar o tomate. sua acidez não combinava com o conceito que eles faziam da fruta ideal.
foi então que antonio latini, um italiano que servia à corte espanhola, e era natural da região italiana de le marche, localizada na panturrilha da bota, criou uma mistura de cebola, óleo de oliva e tomates e assim se fez o molho de tomates.
aí sim!!! o tomate mostrou a que veio.
simples assim!!! em seu livro, lo scalco alla moderna, escrito, provavelmente, entre 1692 e 1694, foi publicada a receita que ensinava levar ao fogo pedaços de tomate, sem pele e sem sementes, temperá-lo com salsinha, cebola e alho picado, sal, pimenta, azeite e vinagre, para se conseguir um molho de tomates de estilo espanhol.

na receita a seguir, criada hoje, pro almoço deste domingo úmido e refrescante, o molho de tomates faz a moldura pro bolo de carne de frango moída.
o bolo ficou uma delícia, leve, fofinho, suave e saboroso.
ofereço a vocês com todo prazer.

ingredientes para o bolo:
680 gramas de carne de frango moída - facilita bastante, usar a linguiça de frango, retirando-lhe a pele
3 batatas grandes - compre 950g - descascadas e raladas
4 ovos
2 colheres - sopa - de óleo
3 colheres - sopa - cheias, gorduchas, de farinha de trigo integral

ingredientes para o molho:
1 cebola grande picada
3 colheres de óleo
340g de molho de tomate - seja feito por você ou comprado pronto

atenção!!! as receitas do bolo e do molho não levam sal, porque usei linguíça de frango, e porque o molho já estava pronto. se achar necessário, acerte o sal a seu gosto.

preparando:
unte uma assadeira ou uma forma de buraco no meio, com óleo e farinha de rosca. acenda o forno na temperatura média - o meu é a 180 graus.
numa vasilha coloque a carne de frango moída. caso esteja usando, conforme a minha orientação, a linguíça de frango, basta retirar a carne do interior da pele.
descasque/rale as batatas, e coloque junto com a carne.
acrescente o óleo, os ovos e a farinha.
misture, agregue tudo, muito bem.
ajeite na forma untada.
leve ao forno onde deverá ficar por 1 hora, mais ou menos - depende de cada forno - controle espetando uma faca.

enquanto isso, prepare o molho:
frite a cebola no óleo, até que ela fique transparente e quase dourada.
acrescente o molho e espere ferver. deixe fervendo em fogo brando, por mais 5 minutos.
assim que o bolo estiver pronto desenforme, e regue com o molho.
sirva com arroz branco, arroz à grega, arroz com ervilhas - como na foto - e salada.

esta receita, assim como muitas publicadas aqui no assadeira, foi criada por mim. peço a todos que fizerem uso dela, publicando na web/internet ou executando, que deem o crédito que ela e eu merecemos.

é isso.

sábado, 30 de julho de 2011

doce portugal - doçaria conventual

o prazer de comer é, desde há muitos séculos, na nossa cultura, um prazer convivial: um prazer que se gosta de usufruir em comum. pode-se comer só e beber só quando se é a isso constrangido para satisfação da necessidade de matar a fome e matar a sede, mas a procura da voluptuosidade do paladar em solitário é um vício que a moral condena. as sociedades utilizam os prazeres da vida para estabelecer ou fortalecer os laços sociais e na maior parte das sociedades a refeição partilhada é um instrumento de sociabilidade. a refeição deverá ser uma celebração, uma festa onde o prazer se divide entre as pessoas. prazer de matar a fome, alegria por tomar contacto com um prato e honrar uma receita necessariamente sacralizada, e de ver os outros comungar com a mesma exaltação. foi com exaltação e muito prazer que reparti mesa e mantel com todos os meus convidados presentes nesta recolha. amizades, afinidades e simpatias proporcionaram-me refeições de memória e é dessa memória que aqui dou conta.- alfredo saramago -

bolo de claras

ingredientes:
10 claras
250 g de açúcar
250 g de pão ralado
125 g de margarina
1 cálice de vinho do porto
raspas de 1 laranja

preparando:
bata as claras em castelo e, quando estiverem meio levantadas, adicione, aos poucos, o açúcar, batendo sempre, até ficarem bem firmes. misture, com muito cuidado, o pão ralado e a raspa da laranja, o vinho do porto e, por fim, a margarina derretida, mas fria.
unte uma forma com margarina, deite-lhe dentro o preparado, alise e leve ao forno bem quente durante cerca de 30 minutos. quando estiver cozido, retire. deixe arrefecer e desenforme. pode rechear com ovos moles.
tempo disponível, criatividade, ocupação, ... são alguns dos principais ingredientes para a elaboração de excelentes receitas culinárias.
em conventos e mosteiros, freis e freiras precisavam ocupar, tempo e mente. uma das melhores formas de cumprir tal preceito era exercer a culinária, criação de receitas. portanto, a maioria das iguarias que adornam nossas mesas têm origem naqueles ambientes de agitação mental silenciosa.
os habitantes daqueles redutos dispunham de tempo, eram criativos e precisavam se ocupar. o que há de mais eficiente, para inventar receitas deliciosas???
são bento, fundou os mosteiros beneditinos, sob a condição de que os abades deveriam trabalhar para ocupar mente e corpo.
dados os devidos exageros, uma mente desocupada é o jardim do diabo.
ora et labora!!! exclamou bento. ou seja, oração e trabalho.
para facilitar o cumprimento desta regrinha fundamental, oposta ao fa niente, bento determinou que os mosteiros mantivessem, horta, oficina com recursos que atendessem às necessidades dos habitantes do povoado, queijaria, pomar, padaria, ... e se fez o pão.
a regra beneditina foi redigida pelo próprio fundador. antes dele não havia obediência, organização, atribuições, disciplina, ou seja, a vida no claustro era uma desordem, um antro devoluto. bento fez a regra e pôs ordem na vida dos mosteiros e, consequentemente, na vida dos abades.
ele cria, em seu mosteiro, uma verdadeira escola a serviço de d'us. a ordem, a congregação, sob tais denominações, surgiu tempos depois ... depois dele.
a regra de bento foi difundida nos mosteiros que a adotaram, ainda que independentes. a regra de são bento é seguida por muitas instituições de vida religiosa.

assim se fez.
em são paulo, o mosteiro de são bento possui 2 padarias. uma ao lado do prédio, no centro da cidade, outra nos jardins.
atenção!!! ambas comercializam duas delícias cediças produzidas artesanalmente pelos monges: mel e geléia de damasco.

loja do mosteiro de são bento
largo são bento
aos domingos logo após a missa das 10h00
segunda a sexta-feira das 7h00 às 18h00
sábados das 7h30 às 12h00.
(11) 3328-8799

loja nos jardins
rua barão de capanema, 416
com serviço de entrega
(11) 3063 - 0522.

loja virtual das delícias de são bento

senta, que vem mais história.
alfredo saramago, morto em 2008 - aqui, em entrevista a marcelo copello - formou-se em história e antropologia e especializou-se em história da alimentação tornando-se o mais importante escritor de literatura gastronômica.
tenho aprendido com ele, seus livros, a riqueza gastronômica de portugal, onde tudo começou.
a culinária portuguesa é rica e é referência no mundo ocidental. o reino português valeu-se dos religiosos portugueses, mulheres e homens, como importantes elementos de sua formação. um fator importante nessa aliança foi, justamente, a culinária, fundamental na independência cultural do povo português. lucraram todos, algures, alhures, nenhures ...

entre os séculos XIV e XVIII, reinado de dom afonso, o bravo, a doçaria conventual portuguesa triunfou.
o exagero atribuído à quantidade de açúcar e gemas de ovos nas receitas de doces portugueses, dizem, pode ser explicado assim: as claras de ovos eram utilizadas na confecção das hóstias, sobravam as gemas; as claras dos ovos eram utilizadas para engomar os hábitos das freiras, sobravam as gemas; naqueles tempos a colagem ou clarificação dos vinhos era conseguida através da adição da clara, sobravam as gemas. outras receitas, como aquela no início deste texto, que usavam as claras, também contribuiam para o farto sobejar de gemas. portanto, a profusão de gemas somada ao advento do açúcar - antes disso, o adoçante usual era o mel - freis e freiras não mantinham um minuto de seu tempo ocioso confeccionando delícias doces, macias, recheadas de amendoas e frutas secas.
abastadas esquisitices movimentavam uma considerável fortuna no meio religioso, por causa de caprichos vindos da corte portuguesa, e legavam aos conventos e mosteiros, despensas fartamente abarrotadas dos ingredientes necessários para a produção de delícias enlouquecedoras.
diz a lenda que d. maria francisca isabel, filha de leopoldina e pedro II, pagou a bagatela de 1.200.000 réis, para que fossem rezadas 12.000 missas após sua morte.
não é para esquecer que ingressavam para a vida religiosa, rapazes e moças, mantidos reclusos e às expensas de suas abastadas famílias.

são inúmeras as receitas inúmeras, diversas e sem limites. o mesmo doce pode ter nomes diferentes, dependendo da região, dependendo do concelho, assim como doces diferentes carregam o mesmo nome, e por aí vamos nós.

a doçaria conventual de arouca, bom saber, é valorosa para o concelho.

concelho: s.m. port. circunscrição administrativa que é uma das subdivisões de um distrito; município. os mais de 300 municípios portugueses, são chamados de concelhos.

as freiras do convento deixaram uma riqueza inestimável em receitas que seguem sendo transmitidas de geração após geração nas famílias que detêm o segredo do artesanato de iguarias tão saborosas. rosca, pão de ló, pães, manjar de língua, barriga de freira I, barriga de freira II, pudins, castanha doce, ... são algumas das requintadas delícias monásticas herdadas das monjas bernardas do convento de santa mafalda, cuja continuidade é preservada, a qualquer custo, pelas famílias, mesmo que, às vezes, enfrentem dificuldades na obtenção dos ingredientes.

oportunamente, e pra estar mais perto de casa, resta-me dizer que, em vargem grande paulista - bem ali!!! na altura do km 46 da minha rua, a rodovia raposo tavares - as freirinhas do movimento dos focolares mantêm uma loja tentadora, reduto de delícias incontestáveis.

localize-se, aqui

para não cometer injustiça sugiro que dêem uma passada d'olhos nos produtos da espiga - aqui - e programem um passeio gastronômico de consequências inimagináveis.

bolo de claras - fonte: sobresites.com

quarta-feira, 27 de julho de 2011

strogonoff de berinjela



salve a berinjela!!!

a berinjela tem seu berço lá pelas bandas da índia, e é bem cultivada em clima tropical.
além de seu formato arredondado, acentuadamente ovalado, tem casca fina, roxa, quase preta, e polpa branca de agradável mastigação, cravejada de sementes claras, miúdas, e escondidinhas. sendo de boa qualidade seu cabinho é verde, firme, e o fruto é livre de manchas.
se estiver muito madura não é legal comprar, tampouco consumir. nota-se facilmente quando é assim, pois, sua aparência é murcha, enrugada e mole. sendo assim, o sabor pode ser amargo e desagradável.

a berinjela deve ser armazenada sob refrigeração, por um período máximo de 4 dias, inteira, com o cabinho, e com casca. só assim, não haverá perda das funções de seus nutriientes.

para que ela se mantenha íntegra, lave-a bem, em água corrente, e efetue o corte de sua preferência, minutos antes do preparo. a forma ideal de corte, para que minimize a perda de nutrientes, é em pedaços grandes e com casca - tal procedimento não nos impede de descascá-la, conforme a indicação para a receita de hoje.

prolongar o tempo de cozimento, em altas temperaturas, com água abundante, reduz o aproveitamento das vitaminas hidrossolúveis contidas em sua composição.

cozida, assada, como patê, como antepasto [aqui ...], grelhada, em conserva, recheada ou refogada, são algumas formas ideais pro preparo da berinjela. fritá-la significa obter um resultado desagradável. por ser esponjosa, essa forma de preparo deixa-a encharcada de óleo, o que propicia a perda de grande parte de seus nutrientes, e o aumento do valor calórico em 4 vezes.
uma dica interessamte e pouco usual, é incluir a berinjela crua, com casca, cortada em pequenos pedaços, na salada de legumes.

farta em proteínas, a berinjela, não deve nada à carne, e tem a vantagem de ser pouco calórica. portanto, a receita a seguir, é um prato autêntico, e recheado de vantagens: leve, digestivo, nutritivo, diferente, delicado, sem culpa e muito saboroso.

ingredientes:

1 cebola picada
1 xícara - chá - de azeite
2 berinjelas grandes, sem casca cortadas em cubos
3 tomates maduros sem pele e picados
1 xícara - chá - de cogumelos picados
1 colher - sopa - de mostarda
2 colheres - sopa - de catchup light
1 colher - chá - de molho inglês
1/2 xícara - chá - azeitonas verdes picadas
1 lata de creme de leite light
ou
1 copo de iogurte natural desnatado
sal a gosto
1 maço salsinha picada
1 maço de cebolinha verde picada

preparando:

aqueça a panela, coloque o azeite, a cebola, e refogue até que a cebola comece a dourar. acrescente os tomates, os cubos de berinjela, e deixe cozinhar por 15 minutos. vigiando. mexendo. cuidando.
acrescente a cebolinha picada, as azeitonas, os cogumelos, a mostarda, o catchup, o molho inglês, e incorpore-os uns aos outros. deixe apurar por mais 3 minutos. coloque o creme de leite - ou iogurte desnatado - misture, desligue o fogo, salpique a salsinha.

como sugestão de acompanhamento, vai por mim ... arroz branco, salada de legumes cozidos, alguma verdura crua.
quer abusar??? coloca o strogonoff/stragonov dentro do pão italiano, faça dele um espetacular molho pra massa ou pro purê de batatas, ponha do lado dele uma boa porção de batatas sauté, ou enfeite qualquer das variações acima, com um bom tanto de batatas palha.

cheia de curiosidade, com plena consciência de que a verdade se perde pelo caminho com o passar do tempo, busquei, e encontrei alguns - 3 - relatos simples, sobre a origem do stroganov/strogonoff/estroganofe, [aqui ...], [aqui ...] e [aqui ...].

almondegas especiais




ingredientes:

misture os seguintes ingredientes, faça bolinhas não muito grandes, recheie cada uma com 1 cubo pequeno de muçarela, e reserve.
250 - duzentos e cinquenta - gramas de carne moída - pode ser de suíno, bovino, ou de frango, ou a mistura delas ... fica muito bom. para tanto, use o processador ou peça ao açougueiro que moa.
uma boa solução é retirar a pele da linguiça de frango, toscana, calabresa frescas ... o resultado é uma carne moída muito saborosa.
3 batatas cruas raladas
2 dentes de alho amassados
salsinha e/ou cebolinha, a gosto
1 ovo
sal, a gosto
molho de pimenta - opcional
200 - duzentos - gramas de muçarela cortada em cubos pequenos

gramática na culinária: o duplo z das palavras italianas, em português, vira ç. então, leia mais, sobre a discutida grafia da palavra muçarela

outros ingredientes:

2 colheres - sopa - de margarina
4 colheres - sopa - de óleo
1 cebola média picada
2 xícaras de molho de tomate
1/2 colher - chá - de açúcar
molho de pimenta - opcional
manjericão

levando pro fogo:

frite a cebola no óleo e na margarina. junte as bolinhas de carne, o molho de tomate e o açúcar. confira o sal, acerte se necessário, e tempere com molho de pimenta, se preferir.
deixe cozinhar em fogo brando, com a panela tampada, por 15 ou 20 minutos. desligue o fogo e acrescente o manjericão, na panela ou individualmente, ao gosto de cada um.
acompanha pão italiano, massa ou arroz branco e salada de alface ou legumes.


os acompanhamentos variam: já servi dentro de pães italianos, pequenos, individuais. cortei uma tampinha, retirei o miolo, que pode ser aproveitado por quem quiser, e coloquei uma porção do molho dentro de cada um deles.

o vinho, a cerveja, o guaraná - zero ou original - seja qual for a bebida, as almondegas devem ser degustadas com calma e prazer.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

economia: receitas rápidas com, apenas, 4 ingredientes

o melhor da culinária é a versatilidade.
a sensação de ser provocada pela minhoquinha da criatividade, está violentamente acima de muitas outras que eu possa experimentar.
com pouco esforço, posso me aproveitar desse enigmático poder, e deixar fluir surpresas e sabores.
boas surpresas, bons sabores.
é assim que me apego à mais tocante habilidade que desenvolvi, à mais grande coisa que sei fazer: alimentar.
alguém pode explicar exorcismo e amor num só espaço??? alimentar é exorcizar o que não é amor.
o próximo passo será um prêmio: tipo oscar-grammy-gastronômico.

a criatividade me mantém em pé, mas buscar criações inspiradas, em outras plagas, propicia o entusiasmo pra próxima criação.

receitas com 4 ingredientes é uma atração que conheci, e me causou inveja: como não fui eu que fiz??? diriam tunay e milton nascimento ... ouça, enquanto prepara as receitas

sopa tailandesa de abóbora

ingredientes:
1kg de abóbora sem casca e cortada em cubos - a mesma usada pra fazer doce
2 colheres de sopa de pasta de curry vermelho - pode ser o curry em pó
1 vidro de leite de coco
1/2 de xícara de coentro picado - pode ser substituído por salsinha ou outra erva de sua preferência

preparando:
cozinhe a abóbora em um pouco de água. depois de cozida refogue a abóbora com o curry vermelho até começar a agarrar na panela. adicione o leite de coco para diluir a mistura, cubra com água o bastante para cobrir a abóbora e deixe levantar fervura. desligue o fogo e faça um purê, tempere com sal e pimenta, e acrescente o coentro picado.

a seguir, uma receita para os que gostam de misturar doce e salgado. sensacional!!!

frango empanado com flocos de milho

ingredientes:
2 xícaras de iogurte - pode ser de frutas
2 xícaras de queijo parmesão
filés de frango
4 xícaras de flocos de milho

preparando:
envolva os filés com o iogurte. coloque na geladeira, e deixe marinar de um dia pro outro. bata os flocos de milho no liquidificador, rapidamente, o suficiente para se transformar em farelo grosso. acrescente o queijo parmesão. passe o frango nessa mistura. coloque-os em assadeira forrada com papel manteiga ou untada com óleo, e leve ao forno por 25 minutos preaquecido a 180ºc.

fonte: canal gnt


terça-feira, 12 de julho de 2011

em tempos de frio, tome uma sopa



pequenas comunidades foram criadas beirando os rios, condição apropriada para que homens e animais - cão, boi, cabra, etc - pudessem usufruir da água, e da boa terra, fértil, própria para o cultivo.
o trabalho era dividido: os homens cuidavam da caça, da pesca, da segurança, enquanto as mulheres plantavam, colhiam e educavam os filhos.
assim, os aldeões passam a produzir seus próprios alimentos, e deixam de depender, exclusivamente, da caça.
a agricultura surgiu como o resultado de uma necessidade alimentar e como uma atividade bem adaptada à atual organização da comunidade.
armazenar os alimentos e as sementes para cultivo - antes representavam moeda para troca de mercadorias - leva à criação de peças de cerâmica, que vão ganhando ares decorativos.
as peles, que até aí serviam de vestimenta, são substituídas por tecidos de algodão, linho, lã, mais leves e confortáveis.

a agricultura foi uma das mais importantes descobertas da nossa história. ela provocou alterações valorosas na sociedade humana, e na nossa relação com o meio ambiente. o homem assentou moradia num local e adaptou-se a ele.
esse momento, tão importante para a humanidade, é chamado de revolução neolítica, ou revolução agrária. a vida vegetal passa a ter fundamental importância para a sobrevivência humana. o homem passa a dedicar seus esforços à reprodução de plantas, a domesticar animais, e a estocar alimentos.

os primeiros cultivos foram o trigo, a cevada, o milho, a soja e o arroz.

em poucas palavras: há 10.000 anos ocorreu a transição da pré-história para a história.

o hábito alimentar de comer sopa tem sua raíz nos povos do sul da europa desde o período neolítico.
vai daí que faz 5.000 anos que o homem cozinha alimentos em água. a água penetra nos alimentos fácilmente, em temperaturas mais baixas do que a da fritura, do assado e do grelhado permitindo que se utilizem partes dos alimentos que antes eram desperdiçadas, por serem muito duras. por outro lado cozinhar alimentos variados, todos juntos e ao mesmo tempo, desperta o paladar para sabores desconhecidos, e possibilita criar combinações de alimentos cujo paladar pode ser único e formidável.

a palavra "sopa" deriva do termo teutônico - alemão, germânico - "suppa", uma iguaria medieval pastosa depositada, em fartas porções, sobre fatias de pão.
a sopa sobreviveu à queda do império romano, arrastou-se até o império bizantino, superou sua queda, e alcançou os turcos otomanos em 1454, que a elaboravam com bastantes legumes. o caldo era servido em tigelas comunitárias, distribuído entre várias pessoas. talvez, inicialmente, serviria como molho, ou para manter a comida aquecida. os sólidos, seriam degustados à parte, inteiros, ou divididos em pequenos pedaços para serem consumidos juntos.
a essa altura, o perfume das sopas originárias da ásia central, já exalava pelos corredores da nobreza europeia.

a sopa é fácil de cozinhar, apropriada para qualquer hora do dia, em qualquer lugar, é econômica, saudável, de fácil digestão, por isso, apropriada para regimes alimentares e, acima de tudo, nutritiva, podendo conter legumes, cereais e verduras de várias cores.

não me farto de dizer, sobre o quanto a obra de eça de queirós privilegia a culinária. [
leia ...]
em
primo basílio
juliana, empregada na casa de jorge e luiza é, por exemplo, uma referência à sopa juliana, típica da cultura portuguesa.
curioso saber: juliana é filha bastarda e representa a amargura e o tédio na obra de eça de queirós. solteirona, feia e virgem, vive atormentada com a condição de empregada doméstica e, por isso, odeia a vida, o mundo, as pessoas.

o que me resta, diante de tanta história e de tão grata lembrança??? a receita da sopa.



sopa juliana

ingredientes:
250 g de batatas
250 g de cenouras
1 nabo
1/2 couve lombarda picada [
conheça aqui] - a couve lombarda é o repolho. ela pode ser substituída pela couve manteiga, ou por qualquer outra verdura da sua preferência.
1 cebola picada
50 g de toucinho picado
2 colheres de sopa de azeite de oliva extra virgem
1 dente de alho amassado
1 tablete de caldo de carne
sal - se necessário, e a gosto
pimenta do reino
salsa em abundância
queijo ralado - pode ser parmesão, ou outro de sua preferência

preparo:
lave e descasque os legumes e corte-os em juliana - tiras finas.
pique o toucinho e frite-o no azeite.
junte o dente de alho amassado e deixe dourar.
se preferir, retire o alho e coloque os legumes - eu prefiro deixar o alho.
refogue por 5 minutos.
coloque o caldo de carne, dissolva, e acrescente litro e meio de água quente.
tempere com sal e pimenta a gosto, e deixe cozinhar.
sirva e, em cada prato polvilhe bastante a salsa picada e o queijo ralado.

a receita é
daqui, e adaptei do meu jeito.