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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

guisado de músculo com batatas



cozinhar não é apenas fartar a barriga. cozinhar é um ato da comunhão de cérebro e coração. com certa inspiração costumo dizer que, alimentar é o mais primitivo e eficiente ato de amor.

dito isto, e sobre a receita de agora, é bom saber: poucos são os pratos, com carne vermelha, que eu exponho no blogg. gosto de queijo, e queijo não combina com carne. por outro lado, prefiro carnes mais leves.

são simples, são explicações: sobre carnes e derivados do leite, aprendi, durante a convivência com a colônia judaica - 22 anos ininterruptos - que as leis do kashrut do judaismo, segundo os rabinos da época talmútica, estão além das capacidades humanas. qualquer razão contida nessas leis conclui que elas treinam o homem/mulher para torná-lo comandante de seu apetite, o acostumam a controlar seus desejos, e evitam que, comer e beber, tornem-se a razão da sua existência.
a comida judaica, deliciosa, não une queijo e carne na mesma panela, ou no mesmo prato.
utensílios de carne não cruzam com utensílios de queijo, no mesmo guarda louças. a boca que degusta carne agora, não é a mesma que degusta o leite e seus derivados logo a seguir. enfim, tem hora e lugar pra tudo.
as leis do kashrut tornaram-se um fator de união dos judeus, através das lembranças de suas origens.
d'us é sagrado. o povo de d'us é sagrado.
kedusha quer dizer sagrado e deriva da palavra kadosh, que quer dizer separado. o sagrado é diferente, e o povo de israel é diferente.
kosher é o tipo de comida própria pra ser ingerida pelos judeus.
terayfa é a comida não kosher.
enfim, não se deve misturar carne e leite, dita uma das leis do kashrut ...[entenda, lendo aqui]

com relação ao consumo de carne, eu acredito que, há anos, nós nos comportávamos de maneira muito diferente.
lembro-me, ainda menina, o açougueiro - seu américo - era presença diária em nossas vidas.
hoje é um pouco diferente, e a carne não vem todos os dias em nossas mesas dando abertura para muitos outros alimentos.
não me alimento com carne vermelha habitualmente, por prudência, ... e os meus argumentos são particulares. prefiro um ovo cozido, me atrai o molho à bolognesa feito com beringela, porém, a receita a seguir, italianíssima, é um bom motivo pra fugir à regra quando em vez.
se não pelo gosto, que seja pelo ritual da preparação que beira ao cerimonial.
independente do ambiente onde será servida, ou de quantos irão saboreá-la esta receita prende a atenção, é lúdica, exala odores ótimos, expõe uma visão agradável.
ao final, já servida, é pra ser saboreada de olhos fechados, uma homenagem, uma reverência, puro respeito.

guisados são muito populares no méxico, na américa central, no equador e na colômbia. muitas das receitas do guisado dessas regiões são as receitas modificadas pelos americanos.
as receitas de guisado são algumas das receitas mais velhas no mundo. a grande coisa sobre o guisado é que os nutrientes e o sabor permanecem, por inteiro, e são receitas que utilizam ingredientes pra produzir grandes combinações do sabor.
o spezzatino di patate, ou o stufatino di muscolo pode ser traduzido assim: cozido ou guisado de músculo ou, simplesmente, ensopado de batatas ou, ainda, guisado de batatas, guisado de músculo com batatas ... enfim, como queiram.

ingredientes:
1kg de músculo cortado em cubos
1kg de batatas cortadas na metade ou em quatro partes
2 belas e grandes cebolas picadinhas
1 1/2 copos de vinho tinto seco
1 lata de tomates em conserva ou 450g de tomates frescos sem pele, picados miúdo
caldo de legumes, mantido aquecido
1 colher - chá - de paprica doce em pó
1 bom punhado de alecrim
1 ou 2 pimentas vermelhas sem a semente, e picadas - opcional
sal a gosto
azeite de oliva extra virgem
um bom tanto de salsinha picada

preparando:
em uma panela grande, refogue a cebola no azeite extra virgem, até que fique transparente e levemente dourada.
sobre o refogado da cebola, coloque a carne e doure um pouco, mexendo bem e mudando os lados da carne.
quando a carne começa a adquirir cor, teste/adicione o sal, misture e acrescente o vinho tinto.
assim, a carne deve continuar cozinhando, lentamente em fogo baixo, com a panela tampada.
quando o molho reduzir um pouco, adicione o alecrim, a páprica doce em pó e deixe apurar mais alguns minutos.
agora coloque os tomates e despeje o caldo de legumes para cobrir todo o conteúdo.
tampe a panela, e deixe cozinhar. levará cerca de uma hora e meia ou duas horas.
durante o passar desse tempo, prove até que a carne esteja quase completamente macia.
em seguida adicione as batatas, já descascadas e cortadas em pedaços grandes, e deixe cozinhar no molho.
se necessário, teste e ajuste o sal, e acrescente mais caldo de legumes.

atenção!!! o molho deve ser um molho, bem reduzido e espesso. não pode ser um caldo.

cubra e deixe cozinhar, até que fiquem completamente cozidas, carne e batatas.
mantenha a atenção, e mexa com muito cuidado, para não grudar no fundo da panela.
para servir, salpique a salsinha picada.

sem as batatas, o guisado pode ser servido com polenta, ou com pão italiano. experimente acompamnhar tudo isso, com uma salada de agrião.



algumas histórias de alimentação, inclusive, da polenta

é isso.

requeri/regina claudia

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

peixe recheado



peixe recheado prefiro que seja aberto pelas costas. assim, são retiradas mais espinhas do que da outra forma, pela barriga.
se a peixaria que você frequenta tem expostos os peixes inteiros esperando para ser escolhidos peça um que, respeitando sua condição de morto, ainda esteja saudável.
peça ao responsável que limpe abrindo pelas costas. a maioria dos peixeiros faz isso, sem maiores complicações. porém, caso o estabelecimento onde você compre o animal - supermercados, por exemplo - não queira ou possa cumprir o seu pedido, aceite levar o vertebrado autopsiado pela barriga, e proceda conforme a receita que vou sugerir.
porém!!! se você pescou a criatura e tem que limpar às suas próprias custas, faça como vou descrever:
antes de tudo, descame o peixe com auxílio do lado cego da faca, de uma concha de vieiras, ou de um descamador apropriado. retire todas as escamas ... deixe a cabeça e a cauda no peixe.
vire-o com a barriga para baixo sobre uma superfície limpa e plana - pia ou tábua. com uma faca de bom corte, longa, você vai abrir a pele do animal ao longo de um dos lados da espinha, da cabeça à cauda. enfie a ponta da faca nessa abertura e desça com ela rente à coluna vertegral, até descolar todas as espinhas. corte a pele do outro lado da espinha central e desça por ela com a faca para descolar a carne das espinhas, do outro lado. utilizando uma tesoura, solte a espinha nas extremidades da cabeça e da cauda, depois retire o complexo todo, juntamente com as guelras e as vísceras.
pronto!!! o peixe está a seu favor, aguardando recheio e forno. mãos à obra!!!




ingredientes:
qualquer peixe próprio para ser recheado - salmão, tainha, alchova, ... a escolha é da freguesia
350 gramas de camarão, limpo e aferventado - se o peixe for grande, aumente a quantidade, se quiser
2 maços de espinafre cozido, espremido - para retirar a água - e bem picado
queijo ralado
2 ou 3 ovos, o suficiente para dar liga ao recheio
batatas com casca, cortadas em rodelas
azeite de oliva, virgem
maionese para pincelar
palitos ou espetinhos
barbante próprio para culinária

vamos preparar:
unte uma assadeira com azeite, forre farta e completamente com as batatas, salpique com sal, e regue-as com azeite.
misture todos os ingredientes, menos a maionese, as batatas - já foram utilizadas - os palitos ou espetos, e o barbante.
desculpem!!! perco a amizade, mas não perco a gracinha.
sobre a cama de batatas, coloque o peixe com a abertura para cima e recheie, cada espaço, cada cantinho, inclusive a cabeça e vá prendendo com auxílio dos palitos ou espetinhos e do barbante. faça um zigue-zague com o barbante, utilizando os palitos como suporte. no final, amarre. quando for servir, retire todos os palitos ou espetos, e o barbante soltará com facilidade.
terminada a façanha deite o peixe de lado, pincele com maionese, regue com azeite e leve ao forno para assar. o tempo vai depender do forno de cada um, do tamaho do peixe, e da quantidade de recheio.
baseie-se pelas batatas, e pelo líquido que brota do peixe quando espetado com uma faca, ou com um garfo. se não sair nenhum líquido, significa que o peixe está cozido. deixe dourar, peixe e batatas e ... bom apetite!!!