alimentar, a mais primitiva e eficiente demonstração de amor.
alimentar é um ato convivente e uma boa torta se presta a isso, conviver, convidar, convivas.
um feriadão, plena sexta-feira de julho, férias, final da copa do mundo, me arrisquei numa outra invensão culinária, pra tornar ocupadas as bocas de alguns torcedores que insistem em praticar uma vuvuzelada derradeira, fechando com o prazer e com a plenitude do sabor.
essa viagem à áfrica, em meio a geografias de intermináveis planícies, estádios modernos, históricos e ricos simbolismos, uma alegria dopada, uma alegria a cores, enganou meus sentidos.
loucura essa áfrica do sul e seu povo. produz festas tão boas na pulsação essencial e rústica, que me carregaram pra dentro das linhas melódicas dos batuques originais ornados pelo zumbido das vuvuzelas. porra!!! os caras não estão de brincadeira. eles sabem festejar.
a minha grande contribuição foi juntar ingredientes e festejar à minha moda, silenciosamente, criando, cozinhando, alimentando.
“o prazer de comer é, desde há muitos séculos, na nossa cultura, um prazer convivial: um prazer que se gosta de usufruir em comum. pode-se comer só e beber só quando se é a isso constrangido para satisfação da necessidade de matar a fome e matar a sede, mas a procura da voluptuosidade do paladar em solitário é um vício que a moral condena. as sociedades utilizam os prazeres da vida para estabelecer ou fortalecer os laços sociais e na maior parte das sociedades a refeição partilhada é um instrumento de sociabilidade. a refeição deverá ser uma celebração, uma festa onde o prazer se divide entre as pessoas. prazer de matar a fome, alegria por tomar contacto com um prato e honrar uma receita necessariamente sacralizada, e de ver os outros comungar com a mesma exaltação.
foi com exaltação e muito prazer que reparti mesa e mantel com todos os meus convidados presentes nesta recolha.
amizades, afinidades e simpatias proporcionaram-me refeições de memória e é dessa memória que aqui dou conta.” disse, alfredo saramago.
o que sabemos sobre a torta?
o bolo é uma preparação de alimento assado em forma redonda, cujo nome originalmente é descrito como um pão círcular - torta em latim.
a torta é feita com uma crosta de massa enfeitada recheada com uma mistura de carne bovina, de aves, de peixe ou legumes temperada com ervas e ingredientes complementares ou doce, com frutas e creme.
a cobertura é uma redução da mesma massa formando uma capa. mas há aquelas sem tampa, as tortas com bordas elevadas.
tortas se prestam a adaptações, e variadas maneiras de fazer. são versáteis, completas, ricas.
na cozinha medieval - leia [...] - e do renascimento foi uma receita das mais comuns. redondas, decorativas e grandes, recheadas com carne de ovelha, de bovino, de porco ou com especiarias e uvas passas, recortadas nas bordas e enfeitadas com bandeiras e brasões dos convidados.
o que se diz é que torta é feita em forma redonda e que em forma retangular não é torta. mas, a sabedoria popular mudou esse conceito. torta é todo alimento feito de massa recheada que vai ao forno para cozinhar.
aqui e agora, a receita da massa é líquida, prática, feita no liquidificador que, sem o recheio, se presta a virar um delicioso bolo salgado e simples, se assado na forma de buraco no meio. apresente um café fresquinho, e as fatias quentinhas vão querer uma porção de manteiga, requeijão, margarina, ...
medidas:
colher = sopa
xícara = chá
convidados sempre esbanjam energia. estão alegres pelo convite, pela companhia, pela quebra de rotina ... mas tenho um defeito, com ou sem convidados, não sei cozinhar pra pouca boca. as minhas receitas são enormes e, como sempre, pensei numa receita grande que, portanto, precisa de espaço. aconselho o uso de uma assadeira de vidro conhecida como lazanheira descrita aqui.
recheio primeiro:
1 colher de manteiga
azeite
1 colher do meu tempero - a receita está aqui
1 lata de milho verde batido com a água
250 ml de leite
1 pacotinho de creme de milho verde
1 caixinha de creme de leite
recheio segundo:
550 g de muçarela picada
500 g de presunto picado
240 g de molho de tomate - costumo usar uma embalagem de molho pronto, sabor pizza
a massa:
18 colheres de farinha de trigo
1 tablete de caldo de galinha ou outro de sua preferência
5 ovos
3/4 de xícara de óleo
3 xícaras de leite
4 colheres de queijo parmesão ralado ou 150 g de queijo gorgonzola
2 colheres do meu tempero - a receita está aqui - ou 1 cebola pequena e 3 dentes de alho
1 e 1/2 colheres de fermento químico
confecção e montagem:
ligue o forno, e unte a assadeira com azeite. reserve.
prepare o primeiro recheio: bata no liquidificador o milho, o creme de milho e o leite. não lave o copo do liquidificador. reserve.
aqueça o azeite e a margarina - em dupla, evita que a manteiga ou a margarina queimem - acrescente o meu tempero, deixe fritar sem escurecer, abaixe o fogo, e acrescente o creme contido no liquidificador, deixe engrossar, acrescente o creme de leite. reserve.
segundo recheio: numa vasilha, misture o presunto picado, a muçarela picado e o molho de tomate, misture bem, com as mãos. reserve.
os ingredientes da massa devem ser batidos no mesmo liquidificador, não lavado, no qual foi batido o milho - truquezinhos culinários benfazejos - alternando os ingredientes, e começando pelos líquidos. mas, ao colocar o fermento, agregue-o à massa misturando com uma colher ... dê, apenas, uma curta batida.
feito isto resta montar os recheios em ordem:
metade da massa
primeiro recheio
segundo recheio
metade restante da massa.
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